BRAQUETES AUTO-LIGADOS






Definição de atrito:




O atrito é um dos grandes desafios da ortodontia, principalmente na mecânica de deslize, que nada mais é que a resistência ao movimento. Uma força para realizar movimentação dentária deverá superar o atrito.
Vários fatores podem influenciar o atrito na ortodontia como:
  • Material utilizado;
  • Distancia inter braquetes;
  • Largura do braquete;
  • Espessura e tipo de fio;
  • Slot;
  • Amarração;
  • Dobras (1ª ,2ª e 3ª ordem); 

Evolução
Estudos demonstram a preocupação da ortodontia mundial com esse assunto, tentando desenvolver uma mecânica com mínimo de atrito possível.
Sabe-se que o exagero de força para superar o atrito pode levar a danos as estruturas de suporte dos dentes.

Braquetes
Grande número de trabalhos da última década demonstraram,  que novos braquetes com sistema de amarração embutida (autoligado), o atrito entre fio e esses braquetes  poderiam ser minimizados.
Outras vantagens segundo Damon:
  • Menos danos ao tecido de suporte;
  • Consultas mais rápidas;
  • Tempo de tratamento diminuído;
  • Tempo entre consultas aumentado;
  • Melhor controle de higiene oral;
Autoligado  X  Convencional

Nem sempre o atrito é um vilão na ortodontia, sendo necessário e desejado para vários movimentos ortodôntico.
Depois da era dos milagres do sistema dos braquetes autoligados, a ortodontia voltou a realidade, demonstrando vantagens e desvantagens desse. 
     A proposta desse trabalho é avaliar essa nova realidade, comparando vantagens e desvantagens dos braquetes: Autoligado  X  Convencional


Primeiro Braquete auto-ligado
BRAQUETE DE RUSSEL (1935)
Principal objetivo – facilitar a inserção/remoção dos  arcos e eliminar as ligaduras, descrito por STOLZENBERG.

Na Década de 70 , Andrews introduziu o aparelho  Straight Wire  e a mecânica de deslize.
Introdução das ligaduras elásticas.

Em 1971 houve ressurgimento dos braquetes autoligados, WILDMAN desenvolveu o Braquete Edgelock (Ormco), com moldado em liga de cromo (dureza superior ao aço) e tampa vestibular deslizante (passivo).
Em 1973  Sander apresentou Mobil-lock (Forestadent), com o mesmo princípio do Edgelock (passivo). Necessitava de um instrumento auxiliar para abrir e fechar, rotacionando a tampa semi-circular.
HANSON em 1973 criou braquete Speed (Strite Ltd.), com dimensões reduzidas, tampa deslizante de aço inox (atualmente de NiTi), fio sob ativação constante (ativo), movimentos dentários precisos e controlados e redução de tempo de até 4x na instalação dos arcos.
Em 1986 PLETCHER desenvolveu o braquete Activa (“A”- Company), com tampa curva e rígida com fechamento por meio de giro ocluso-gengival (passivo), facilidade para o paciente abrir a tampa.
Já Time apresentou o Adenta em 1995, semelhante ao Speed (ativo), com a tampa de aço, pouco rígida com abertura no sentido ocluso-gengival.

Ativo e Passivo


Ativo
Quando o arco é constantemente pressionado contra a canaleta do braquete.  Maior controle imediato de rotações e torque. Maior atrito (fricção) em mecânicas de deslizamento. (In-Ovation / Speed / Time / Adenta / Quick )
Passivo
O arco não é constantemente pressionado, sem controle imediato das rotações e torques e menor atrito (fricção) em mecânicas de deslizamento. (Smart-clip / Opal / Damon / Vision LP / Carriére)
THORSTENSON  em 2002 comparou mecânicas de deslizamento em três bráquetes self-ligating passivos (Activa, Damon SL e Twin-lock) e três ativos (In-Ovation, Speed e Time), observando que a resistência ao deslizamento é inexpressiva nos sistemas passivos. Nos sistemas ativos, houve uma variação de 12 a 54g na resistência de deslizamento. 
Ligadura elástica
Echols (1975) – Elastic ligatures: binding forces and anchorage taxation AJO, v.67, p.219-20. O uso de ligaduras elásticas aumenta a resistência  ao movimento em 50 a 175g.
Sims et al. A comparison of the forces required to produce tooth movement in vitro using self-ligating brackets and a pre-adjusted bracket employing two types of ligation EJO., v.15, n.5, p.377-85, 1993. O uso de ligaduras elásticas em “8” aumenta a resistência ao movimento em 70 a 220%
Shivapuja, Berger (1994) - O uso de ligaduras metálicas aumenta em média 12 minutos o tempo necessário pra remover e recolocar dois fios. Ligaduras metálicas  produzem fricção 30 a 50% menor que as  elásticas, mas as forças geradas ainda alcançam níveis indesejáveis em relação à força ótima de movimentação.
TALOUMIS LI, SMITH TM, HONDRUM SO, LORTON L.  AJO-DO 1997 relataram A força elástica reduz em até 68% nas primeiras 24hs. A deformação dos elásticos e a redução na força devem ser levadas em consideração nos movimentos rotacionais e de torque.
Em 2003 Hain descreveu que os bráquetes SPEED produziram menor fricção quando comparados com os outros 3 tipos de ligaduras. Ligaduras metálicas “frouxas” geraram a menor fricção. Módulos elásticos tratados foram comparados com módulos elásticos convencionais, ligaduras metálicas e o bráquete auto-ligado SPEED.
Harradine (2003) - Convencionalmente, fios livres dentro do slot diminuem a força e o atrito, mas com o preço de perder o controle dos movimentos. A ligadura elástica não tem poder de manter o fio bem encaixado no slot. A vantagem do auto-ligado é que o fio fica livre no slot sem perder o controle do movimento,  pois assegura o encaixe total do fio (como nos tubos convencionais).  A quantidade de força varia muito por causa da torção na ligadura metálica e na perda da elasticidade das elásticas. 
  
Fricção
Braquete Convencional x Braquete autoligado

BERGER em 1990 avaliou a resistência friccional do bráquete Speed, observando 93% de diminuição em relação aos bráquetes convencionais.
SIMS & WATERS em 1993 compararam dois tipos de bráquetes convencionais com os self-ligating Activa e Speed. Concluíram que ambos os self-ligating apresentavam resistência mínima à fricção em relação aos convencionais, utilizando diferentes tipos e calibres de fios.
SHIVAPUJA & BERGER em 1994 realizaram a comparação da resistência dinâmica para mecânicas de deslizamento utilizando elástico em cadeia em cinco sistemas de bráquetes: dois convencionais (metal e cerâmico) e três do sistema self-ligating (Edgelock, Activa e Speed). Conclui que cerâmica( 308,15 g), metálico (128,57 g), Speed (87,26 g), Edgelock (40,40 g) e Activa (35,91 g).
THOMAS, SHERRIFF & BIRNIE (1998) Compararam a resistência friccional de dois sistemas convencionais (Tip-Edge TP e Geminado “A”-Company) com dois self-ligating (Time e Damon SL). Em ordem decrescente, constatou:
  • Geminado “A”-Company (convencional);
  • Tip-Edge TP (convencional);
  • Time (self-ligating);
  • Damon SL (self-ligating).
Kapur, Sinha em estudo publicado em 1998, Com fio de NiTi, a fricção  é de 41g com o braquete convencional e 15g com  o Damon SL. Com os fios de aço, os valores  foram 61g e 3,6g, respectivamente.
Pizzoni, Raunholt, Melsen em 1998 compararam a Fricção dos braquetes Damon, Speed e Convencional. Conclui
íram que maior fricção para menor foi: Convencional, Speed e Damon.
THORSTENSON & KUSY em 2001 avaliaram a resistência de deslizamento comparando os bráquetes self-ligating com os convencionais, observando que a resistência dos self-ligating era menor do que os convencionais devido à baixa magnitude de atrito.
Thorstenson & Kusy em 2002 compararam a angulações que tocam o fio nos ângulos opostos dos braquetes causam aumento de fricção nos braquetes auto-ligados e convencionais. Mas, em todos os graus de angulação, os braquetes Damon produziram a menor resistência ao deslizamento do fio.
Harradine em 2003 estudou a comparação dos braquetes convencionais com Damon com arcos retangulares, o Damon foi significativamente melhor que qualquer outro e deve ser o preferido em mecânicas de deslize.


Conclusões:
  • Houve uma grande evolução;
  • Preocupação dispensar o uso de amarrilhos elásticos e metálicos;
  • Diminuição significativa do atrito do fio com o bráquete;
  • Mais efetiva nos sistemas passivos em mecânicas de  deslizamento;
  • Há um maior controle no alinhamento/nivelamento nos ativos;
  • Redução do tempo de tratamento;
  • Redução do tempo de cadeira;
  • Facilidade de higienização;
  • Colagem criteriosa;


Nenhum comentário:

Postar um comentário