Bisfosfonatos e tratamento ortodôntico
Alberto Consolaro* e Maria Fernanda M-O Consolaro**
As características do sucesso de um tratamento ortodôntico, quase sempre, passam por estes critérios:
(1) res- tabelecimento funcional,
(2) obtenção da harmonia estética desejada pelo paciente,
(3) mínimo dano estrutural,
(4) ausência de sintomatologia e desconforto,
(5) movimentação rápida,
(6) duração breve do tratamento,
(7) estabilidade de resultados.
Nem sempre se consegue obter a plenitude destes critérios, pois às vezes não é possível compatibilizar a biologia, a técnica e a expectativa do paciente e do profissional.
Dentro do critério referente ao mínimo dano tecidual, enquadram-se as reabsorções radiculares que são previsíveis, controláveis e de bom prognóstico, mas nem sempre são evitáveis.
Quando se faz a previsão de reabsorções radiculares durante o planejamento do tratamento ortodôntico, para se atingir determinado objetivo estético e funcional, e as mesmas ocorrem, não estaremos frente a uma iatrogenia, mas sim diante de um custo biológico, um dano estrutural calculado, a partir de um risco assumido pelo profissional, com a concordância do paciente.
Quando o sucesso pleno de um tratamento não é atingido, procura-se buscar as razões para o fato.
Quase sempre não se resgata entre as possíveis causas:
1) a qualidade do exame clínico, incluindo a anamnese realizada,
2) a adequação e utilização dos exames complementares, incluindo radiografias periapicais,
3) a compatibilidade da técnica com a biologia do pa- ciente, incluindo morfologia óssea e radicular con-
sideradas no planejamento,
4) assim como não se usa rever as questões mecânicas e decorrentes reflexões sobre as mesmas, e
5) a qualidade do material utilizado durante o trata- mento. Se ocorreram reabsorções radiculares exa- geradas e comprometedoras, a comodidade é maior se as atribuirmos aos aspectos não-palpáveis e in- compreensíveis, como “suscetibilidade genética”, “predisposição individual”, “fatores sistêmicos” e
“aspectos familiares” etc.
O conhecimento atual sobre as reabsorções radiculares, no que concerne a sua etiopatogenia, restringe-a aos fatores locais e no campo da Odontologia, inclusive as relacionadas ao tratamento ortodôntico. Isto representa um fato enriquecedor, pois permite que atuemos sobre elas por completo - em sua prevenção, diagnóstico e terapêutica.
Historicamente, muitas aulas, tratados, teses e monografias foram realizados com uma conotação amedrontadora e limitadora do tratamento ortodôntico, pelo fato de estar associado, em alguns casos, com as reabsorções radiculares. Elas são previsíveis, controláveis e apenas levam à perda dentária, excepcionalmente, em poucos ou raros casos, geralmente relacionados à negligência ou imperícia de algumas das partes envolvidas, como o paciente e o profissional.
Para se chegar ao estado atual de aceitação e conhecimento sobre as reabsorções radiculares em Ortodon-
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